Presidente realça importância de
sair à rua e ir vendo vários tipos de problemas como eles são.
"O Presidente não pode nunca
deixar de ter os pés na terra, nunca! E ter os pés na terra é, permanentemente,
ir vendo vários tipos de problemas como eles são, não é como os relatórios
dizem que eles são", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, na
Praça da Alegria.
Este foi o terceiro ponto de
Lisboa em que o chefe de Estado, esteve com voluntários do Centro de Apoio aos
Sem Abrigo (CASA), a distribuir refeições empacotadas, com carne ou
vegetarianas, bolos e laranjas.
A presença do Presidente da
República nem sempre foi notada de imediato. Um homem, natural da Guiné-Bissau,
só o reconheceu já depois de ter recebido a comida das suas mãos e exclamou,
surpreendido: "Ah, senhor Presidente!".
"O senhor Presidente é que é
o Presidente de todos os portugueses, sinceramente", afirmou, em seguida.
Enquanto entregava uma refeição a
outro homem, com um colete amarelo da associação CASA vestido, Marcelo Rebelo
de Sousa respondeu-lhe: "Faz-se um esforço, faz-se um esforço".
O chefe de Estado juntou-se aos
voluntários da CASA no Saldanha, pelas 22:00, atrasado, vindo de um debate com
jovens no Campo Grande, e só esteve ali cerca de dez minutos. A maioria dos
sem-abrigo já tinha ido embora nessa altura.
À chegada, foi abordado por um
homem que lhe perguntou por que motivo, existindo tantas associações de apoio
aos sem-abrigo, não há "um refeitório condigno para eles, com pratos de
louça condignos", em vez da distribuição de refeições na rua.
Mais tarde, o Presidente da
República disse aos jornalistas que a preocupação de "encontrar locais
onde as pessoas possam ir comer, que não na rua", foi um dos pontos
debatidos na reunião que teve na terça-feira com seis instituições de apoio a
sem-abrigo, e "corresponde a uma preocupação das instituições".
Do Saldanha, Marcelo Rebelo de
Sousa seguiu na carrinha amarela da associação CASA até à rua Mouzinho da
Silveira, perto do Marquês de Pombal, onde conversou à parte com algumas
pessoas que ali foram buscar comida e com duas idosas que se afastaram envergonhadas.
Marcelo correu atrás delas e
abraçou-as, já na rua Alexandre Herculano, mas nenhuma delas assumiu uma
situação de carência.
O Presidente da República
salientou este caso e considerou que os idosos que sozinhos estão em casa numa
"pobreza envergonhada" e os sem-abrigo fazem parte de "zonas da
sociedade que estão a ficar assim num gueto, metidas num beco sem saída",
para as quais é preciso olhar.
"Num momento em que o
desemprego começa a cair, felizmente, já está abaixo de 10% e as previsões
apontam que pode ir até mais abaixo, e em que pouco a pouco começam a
resolver-se alguns problemas, há fatias da sociedade que estão a ficar para
trás", realçou.
Antes de deixar a Praça da
Alegria e seguir ainda para outros pontos de distribuição de refeições, Marcelo
Rebelo de Sousa despediu-se do sem-abrigo guineense, que lhe contou que é
natural de Catió, na zona sul do país.
O Presidente da República
observou: "Eu já estive várias vezes na Guiné-Bissau, mas nunca estive na
zona sul".
"Ah, aquilo não tem estrada,
só tem caminho de cabra", retorquiu o homem, a rir, acrescentando:
"Mas devagar, devagarinho, vamos construindo aquilo".
O chefe de Estado gostou da
imagem: "Isso é a minha teoria também em relação ao país.
Exatamente".
Informação retirada do sítio:
http://www.dn.pt/portugal/interior/marcelo-distribui-refeicoes-a-sem-abrigo-para-manter-os-pes-na-terra-5774756.html
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