Desde os 10/11 anos que queria
ser professor… influência da admiração que tinha pelo meu professor de educação
física do ensino preparatório (actual 2º ciclo). “Caminhei” nesse sentido e
mesmo contra a vontade dos meus pais, percorri o caminho do ensino (secundário
e superior) para que tal desiderato fosse alcançado… Assim, cá estou eu… na
Escola desde 1981 e como professor desde 1997. Não é muito tempo (a caminho dos
20 anos) mas já é o suficiente para viver diferentes fases da nossa Escola. E
ser professor como sou, por opção e convicção de que me dirigia para o que
gostava de fazer e queria desempenhar, é uma sorte… mas que procurei com
determinação. Ao longo de toda esta (meia) carreira as coisas foram-se
modificando demasiado para uma instituição basilar para qualquer sociedade. E
porquê? Apenas porque não é “pensada”. A Escola não é “pensada”! A Escola é
(mais) um instrumento que politicamente se pode modificar, “apertar”, investir,
cortar, visitar, inspeccionar, tornar mais “participativa”… enfim a Escola pode
ser o que qualquer governo ou ministro “sonha” ser a sua “salvação”. Se não
vejamos: neste período de 18 anos não conheço nenhuma medida, nenhuma política
ou opção escolar que venha promover a melhoria do processo ensino aprendizagem,
que, no fundo, será o principal papel da Escola. Desta forma não podemos
esperar que os nossos alunos venham motivados, determinados e/ou alegres para
um “emprego” que se diz para eles, mas no qual, sempre que se tomam novas
medidas, estas não os beneficiam. Em nada! A Escola onde lecciono foi
recentemente intervencionada. A sala dos alunos fica entre o bufete e a sala
dos professores. Será que quem a “redesenhou” tem noção do que são 80
professores mais 600 alunos a cruzarem-se nos pequenos intervalos de que ambos
os grupos dispõem? E as salas? A maioria tem capacidade para 28 alunos e o
ministério 2 anos depois aumentou o número máximo para 30. Esta Escola foi “pensada”?
Há uma “ideia” de Escola para o futuro? Estes são os motivos de alguma angústia
que os que servem a nossa Escola pública vivem no dia-a-dia. Não se pense que é
só a forma como se processa a avaliação dos professores, a redução das benesses
numa carreira de incalculável desgaste, a nossa sociedade considerar que os
professores têm muitos períodos de interrupção lectiva ou os “concursos” com
critérios que servem alguns “momentos”, que levam à situação de generalizada
desmotivação actual. É todo um conjunto de factores, quase todos externos às
próprias Escolas, que apontam para aquilo que não é importante e que desgasta o
que é importante… e entenda-se que o que mais importa é o que conseguimos “dar”
aos alunos... e esta transmissão será melhor se, entretanto, e pelo menos,
consideramos (nós – sociedade) importante quem lidera esse processo de ensino.
Mas quando até os nossos superiores hierárquicos nos desconsideram…
Autor - "Anónimo"