A Historia da Acapo
A ACAPO, Associação dos Cegos e
Amblíopes de Portugal, é uma Instituição Particular de
Solidariedade Social, fundada a 20 de Outubro de1989 por fusão da Associação de
Cegos Louis Braille, a Liga de Cegos João de Deus e a Associação de Cegos
do Norte de Portugal.
A
génese do movimento associativo de pessoas cegas
No fim do século XIX, aparece em Portugal o
movimento associativo entre pessoas deficientes visuais. A Associação
Promotora do Ensino dos Cegos (APEC) existe desde 12 de Março de 1888, data em
que foi inaugurada. Situada inicialmente em Pedrouços, depois de ter funcionado
por alguns anos junto às Janelas Verdes, ficou instalada, num edifício próprio,
em Campo de Ourique. Em 1912 tomou por patrono António Feliciano Castilho,
escritor cego. A APEC é hoje, por essa razão, também denominada Instituto
Feliciano Castilho. No entanto, podemos ir muito mais longe na História. Em
vários registos encontramos a referência “dos cegos papelistas“, que eram
membros de uma irmandade de cegos, intitulada, Irmandade do Menino Jesus dos
Homens Cegos. A Irmandade, criada em 1749, estava ligada à paróquia de S.
Jorge, em Lisboa, e usufruía de privilégios reais, pois só os seus membros
podiam apregoar e vender pelas ruas papéis, impressões, gazetas, folhinhas...
(Tengarrinha, 1965:43). Argumenta-se que esta associação criava repetidamente,
já naquela época, guerra de interesses entre livreiros, que se queixavam de
prejuízos causados pelo protecionismo régio dispensado à Irmandade.
Segundo Joaquim Guerrinha (1913-1976)
existiu uma associação de cegos, também fundada em Lisboa, no século XVI, que
se dedicava a defender os interesses dos que se dedicavam à venda "de
diversos artigos de quinquilharias e bijutarias". Esta afirmação é feita
pelo próprio no seu livro "Monografia para a História Geral da Associação
de Beneficência Luís Braille desde a sua Fundação". No entanto, não se
conhecem mais registos ou pormenores sobre o tema. De destacar que Joaquim
Guerrinha ficou cego aos 18 meses de idade devido a uma conjuntivite grave. Com
7 anos ingressa no Instituto de Cegos Branco Rodrigues. É aqui que
frequenta a escola regular e ao mesmo tempo estuda música (piano) no
Conservatório. O gosto pela música fê-lo terminar o curso no Conservatório com
a ilustre nota de 19 valores. Desde aí trabalhou como músico em vários
estabelecimentos. Paralelamente à carreira artística ele começa a intervir com
crescente determinação na vida associativa e na luta pelo reconhecimento e
dignidade dos direitos dos cegos. É no ano de 1941 que entra para a Direção da
Associação Louis Braille. Em 1951 participa na fundação da Liga de Cegos João
de Deus.
No entanto foi no princípio do séc. XX e à
semelhança do que acontecia um pouco por toda a Europa, consequência da 1ª
Guerra Mundial (1914-1918), um grupo de cidadãos deficientes visuais
portugueses constatou a necessidade de se organizar e aglutinar para
reivindicar melhores condições de vida. Foi o que fizeram Estêvão Pereira
Guimarães, António Gomes Porto e Manuel Rocha, dando origem, a 25 de Julho de
1927 à Associação de Cegos Louís Braille, ACLB, primeira associação organizada
para deficientes em Portugal. Tinha como lema «auxílio aos trabalhadores cegos
– propaganda da habilitação profissional dos cegos». Em 1951, surge a Liga de
Cegos João de Deus, criada por uma cisão interna que dividiu a opinião dos
associados da Louis Braille. Não podemos deixar de aqui referir que foi esta
Associação que encetou pela primeira vez contactos com congéneres
internacionais.
A 10 de Janeiro de 1958, quando a Liga de
Cegos João de Deus tinha apenas sete anos de existência e a ACLB já tinha
ultrapassado os 30, foi criada a Associação de Cegos do Norte de Portugal
(ACNP), a fim de proporcionar aos cegos da região do Porto condições para a
abordagem e discussão dos seus problemas específicos. Apesar de ter
sido a última das associações de cegos a ser constituída, foi a primeira, em
1974, a ter uma Direção presidida por um associado cego.
Mais tarde, no princípio dos anos 80, mais
precisamente a 24 de Julho de 1980, surgiu em Portugal a Associação Promotora
de Emprego de Deficientes Visuais, APEDV.
O
aparecimento da ACAPO
Em finais da década de 80, verificando-se a
existência de várias organizações a trabalharem para o mesmo grupo alvo – a
população deficiente visual – e em tudo similares quanto a objetivos
e atividades, os deficientes visuais portugueses iniciaram um longo e inovador
processo no sentido da criação de uma única Instituição, de âmbito nacional, procurando
através da rentabilização de sinergias e da convergência de recursos
financeiros, humanos e físicos, aumentar e melhorar a intervenção que vinha
sendo desenvolvida.
Assim, a 5 de Novembro de 1988, a Associação
de Cegos “Luís Braille“ faz uma proposta de unificação das Associações de Cegos
Portuguesas. Em consequência da proposta, três das principais e mais antigas
Instituições portuguesas de deficientes visuais, a ACLB, LCJD e ACNP,
fundiram-se, dando origem a 20 de Outubro de 1989 à Associação dos Cegos e
Amblíopes de Portugal. Uma Instituição Particular de Solidariedade Social
(IPSS) com características únicas no movimento associativo de deficientes em
Portugal, tanto ao nível da sua estrutura organizacional, como nos fins e atividades
desenvolvidas.
Missão
Defender, representar e promover o empowerment dos
deficientes visuais portugueses, a nível nacional e internacional, garantindo a
sua plena participação e exercício da cidadania, através de uma intervenção
especializada em todo o território nacional e de uma consistente atuação
internacional.
Visão
- Mantermo-nos como a instituição de referência na área da deficiência visual em
Portugal.
- Constituirmo-nos como os interlocutores e parceiros por
excelência do Estado, para
o desenho e operacionalização das políticas e medidas para as pessoas com
deficiência visual.
- Assumirmo-nos como os principais parceiros chave
das comunidades locais e dos seus agentes em prol da inclusão das pessoas com
deficiência visual.
Contato:
Direção Nacional
Av. D. Carlos I, n.º 126 9.º andar
Lisboa
1200-651Lisboa
Portugal
21 324 45 00
21 324 45 01
(informação do site da instituição)