domingo, 4 de janeiro de 2015

No mês de Janeiro lê-se em Braille

   A Historia da Acapo
A ACAPO, Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal, é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, fundada a 20 de Outubro de1989 por fusão da Associação de Cegos Louis Braille, a Liga de Cegos João de Deus e a Associação de Cegos do Norte de Portugal.
A génese do movimento associativo de pessoas cegas
No fim do século XIX, aparece em Portugal o movimento associativo entre pessoas deficientes visuais. A Associação Promotora do Ensino dos Cegos (APEC) existe desde 12 de Março de 1888, data em que foi inaugurada. Situada inicialmente em Pedrouços, depois de ter funcionado por alguns anos junto às Janelas Verdes, ficou instalada, num edifício próprio, em Campo de Ourique. Em 1912 tomou por patrono António Feliciano Castilho, escritor cego. A APEC é hoje, por essa razão, também denominada Instituto Feliciano Castilho. No entanto, podemos ir muito mais longe na História. Em vários registos encontramos a referência “dos cegos papelistas“, que eram membros de uma irmandade de cegos, intitulada, Irmandade do Menino Jesus dos Homens Cegos. A Irmandade, criada em 1749, estava ligada à paróquia de S. Jorge, em Lisboa, e usufruía de privilégios reais, pois só os seus membros podiam apregoar e vender pelas ruas papéis, impressões, gazetas, folhinhas... (Tengarrinha, 1965:43). Argumenta-se que esta associação criava repetidamente, já naquela época, guerra de interesses entre livreiros, que se queixavam de prejuízos causados pelo protecionismo régio dispensado à Irmandade.
Segundo Joaquim Guerrinha (1913-1976) existiu uma associação de cegos, também fundada em Lisboa, no século XVI, que se dedicava a defender os interesses dos que se dedicavam à venda "de diversos artigos de quinquilharias e bijutarias". Esta afirmação é feita pelo próprio no seu livro "Monografia para a História Geral da Associação de Beneficência Luís Braille desde a sua Fundação". No entanto, não se conhecem mais registos ou pormenores sobre o tema. De destacar que Joaquim Guerrinha ficou cego aos 18 meses de idade devido a uma conjuntivite grave. Com 7 anos ingressa no Instituto de Cegos Branco Rodrigues. É aqui que frequenta a escola regular e ao mesmo tempo estuda música (piano) no Conservatório. O gosto pela música fê-lo terminar o curso no Conservatório com a ilustre nota de 19 valores. Desde aí trabalhou como músico em vários estabelecimentos. Paralelamente à carreira artística ele começa a intervir com crescente determinação na vida associativa e na luta pelo reconhecimento e dignidade dos direitos dos cegos. É no ano de 1941 que entra para a Direção da Associação Louis Braille. Em 1951 participa na fundação da Liga de Cegos João de Deus.
No entanto foi no princípio do séc. XX e à semelhança do que acontecia um pouco por toda a Europa, consequência da 1ª Guerra Mundial (1914-1918), um grupo de cidadãos deficientes visuais portugueses constatou a necessidade de se organizar e aglutinar para reivindicar melhores condições de vida. Foi o que fizeram Estêvão Pereira Guimarães, António Gomes Porto e Manuel Rocha, dando origem, a 25 de Julho de 1927 à Associação de Cegos Louís Braille, ACLB, primeira associação organizada para deficientes em Portugal. Tinha como lema «auxílio aos trabalhadores cegos – propaganda da habilitação profissional dos cegos». Em 1951, surge a Liga de Cegos João de Deus, criada por uma cisão interna que dividiu a opinião dos associados da Louis Braille. Não podemos deixar de aqui referir que foi esta Associação que encetou pela primeira vez contactos com congéneres internacionais.
A 10 de Janeiro de 1958, quando a Liga de Cegos João de Deus tinha apenas sete anos de existência e a ACLB já tinha ultrapassado os 30, foi criada a Associação de Cegos do Norte de Portugal (ACNP), a fim de proporcionar aos cegos da região do Porto condições para a abordagem e discussão dos seus problemas específicos. Apesar de ter sido a última das associações de cegos a ser constituída, foi a primeira, em 1974, a ter uma Direção presidida por um associado cego.
Mais tarde, no princípio dos anos 80, mais precisamente a 24 de Julho de 1980, surgiu em Portugal a Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais, APEDV.
O aparecimento da ACAPO
Em finais da década de 80, verificando-se a existência de várias organizações a trabalharem para o mesmo grupo alvo – a população deficiente visual  – e em tudo similares quanto a objetivos e atividades, os deficientes visuais portugueses iniciaram um longo e inovador processo no sentido da criação de uma única Instituição, de âmbito nacional, procurando através da rentabilização de sinergias e da convergência de recursos financeiros, humanos e físicos, aumentar e melhorar a intervenção que vinha sendo desenvolvida.
Assim, a 5 de Novembro de 1988, a Associação de Cegos “Luís Braille“ faz uma proposta de unificação das Associações de Cegos Portuguesas. Em consequência da proposta, três das principais e mais antigas Instituições portuguesas de deficientes visuais, a ACLB, LCJD e ACNP, fundiram-se, dando origem a 20 de Outubro de 1989 à Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal. Uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) com características únicas no movimento associativo de deficientes em Portugal, tanto ao nível da sua estrutura organizacional, como nos fins e atividades desenvolvidas.

Missão
Defender, representar e promover o empowerment dos deficientes visuais portugueses, a nível nacional e internacional, garantindo a sua plena participação e exercício da cidadania, através de uma intervenção especializada em todo o território nacional e de uma consistente atuação internacional.
Visão
- Mantermo-nos como a instituição de referência na área da deficiência visual em Portugal.
- Constituirmo-nos como os interlocutores e parceiros por excelência do Estado, para o desenho e operacionalização das políticas e medidas para as pessoas com deficiência visual.
- Assumirmo-nos como os principais parceiros chave das comunidades locais e dos seus agentes em prol da inclusão das pessoas com deficiência visual.

Contato:
Direção Nacional

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